Copo de 3: Torre do Frade Reserva 2004

27 fevereiro 2008

Torre do Frade Reserva 2004

No seguimento do boom de novos vinhos que se tem vindo a verificar nos últimos anos por todo o Alentejo, surge com a colheita de 2004 um novo produtor para os lados de Santo Aleixo (Monforte).
Com uma história que remonta ao ano de 1380, onde a partir de uma então existente Herdade da Torre do Curvo, composta por 3 montes, o Torre do Curvo de Cá, o Torre do Curvo Dalém e Torre da Alvarenga. Com o passar dos anos e após algumas mudanças de dono e divisão no que toca a terras, a então herdade de nome Torre do Curvo Dalém passa a ser conhecida como Herdade da Torre do Frade.
O primeiro vinho a ser lançado por esta Sociedade Agrícola, é feito a partir de uma vinha de 2ha, situada em solo xistoso. Foi a partir das castas Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonês que o famoso e reputado enólogo, Paulo Laureano elaborou este Reserva 2004.
Foram produzidas 7,849 garrafas, onde o impacto visual é de um conjunto sóbrio e muito elegante, com o rótulo a ostentar o ferro da casa.

Torre do Frade Reserva 2004
Castas: Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonês. - Estágio: 10 meses em barricas novas de carvalho Francês e Americano, mais 12 meses em garrafa - 15% Vol.

Tonalidade granada muito escuro e de alta concentração.
Nariz que antes de uma prévia decantação se mostrou fechado, vigoroso e com uma austeridade sentida, químico e travo de torrado derivado da madeira tapando por completo a fruta. Foi com tempo que o vinho se revolucionou, mudou para melhor, seria o esperado perante aquilo que tinha dado a entender. Quase com a sensação que se tinha dissipado uma névoa, eis que tudo parece mais nítido apesar de bastante concentrado e vigoroso, saltam frutos bem maduros (dióspiros, ameixas pretas) com toque de compota, sensação de termos especiarias espalhadas em cima de uma bancada de xisto húmido, com a madeira presente na forma em que melhor se pode apreciar, empireumáticos de grande qualidade (tabaco, baunilha, café acabo de moer). A frescura é sentida em dimensão proporcional à complexidade desenhada pelo perfil apresentado, onde a sensação de cremosidade alonga o prazer. A componente vegetal/floral parece um pouco presa ainda, descortina-se algum balsâmico em fundo com hortelã e esteva.
Boca a revelar um vinho bastante sério e intenso, senhor do seu nariz, estrutura imponente com entrada a mostrar alguma elegância e macieza. Um conjunto que proporciona uma grande passagem de boca, amplo de espacialidade, com acidez a dar frescura que complemente e bem toda a prova. Complementa-se com toque especiado (pimentas em evidência), toque de fruta presente com café e ligeiro chocolate negro a dar ponta de austeridade no final, longo, intenso e guloso.

Estamos perante uma entrada com o pé direito e cheia de força no mercado nacional, muito prometedor e cheio de alma, das 7849 garrafas produzidas cabendo a esta o nº 1287. É um vinho muito sério, intenso e complexo, um regalo para os apreciadores do género. Com o comportamento de um autêntico pura raça Miura, este exemplar merece uma lide à altura pelo que se recomendam copos dignos da sua nobreza. O preço para uma caixa de 3 unidades é de 67,20€ no site do produtor.
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