Copo de 3: maio 2008

27 maio 2008

Bafarela 17 2006

Da casa Brites Aguiar, situada em Várzea de Trevões, pequena aldeia do concelho de S. João da Pesqueira, sai este novo Bafarela 17 2006.
São apenas e só 17% Vol. com que este Bafarela 17 2006 se apresenta no mercado, os mesmos 17% que no Alentejo fazem com que um vinho passe para Vinho de Mesa, no Douro continua como D.O.C. tentando mostrar uma região que não mora na sua alma por muito que se queira.
É sim uma alma conservada em álcool massivo e exagerado onde qualquer semelhança com um shot de black vodka é pura coincidência.
Contrariando aquilo que se pretende num vinho, harmonia, classe de trato, que se consiga manter o melhor possível durante toda uma refeição e acima de tudo que apeteça beber e não seja maçador, neste caso acontece exactamente o contrário.
Afinal de contas este vinho para se poder beber, eu direi mesmo «tentar beber», é preciso manter uma temperatura sempre abaixo dos 16ºC (atenua a sensação ardente do álcool) com a certeza que bebido fresquinho até vai, faltando o aviso para que ao levantar da mesa, a sensação é tudo menos boa.
A prova deste vinho teve dois momentos, sempre com destaque para a prova de nariz que com a subida da temperatura é a menos afectada, o mesmo não se pode dizer da prova de boca.
De difícil análise pois poderia pontuar o vinho pelo que mostra, servido a 14ºC ou pelo que se transforma aos 18ºC. Entendo que o vinho se deve avaliar pelo que é durante toda a sua prova, tendo em conta as variações de temperatura e devida evolução no copo, sendo assim resolvi colocar a nota de prova deste vinho que se revela um autêntico Dr. Jekyll and Mr. Hyde:

Bafarela 17 2006
Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional - Estágio: cuba de inox - 17% Vol.

Tonalidade muito escura a lembrar um LBV, toque glicérico bem presente.

Nariz onde a fruta (cereja, ameixa, amora) muito madura acomodada em vegetal seco presente se mostra bem presente. Tem uma austeridade (em ligeiro químico) que desafia e é colmatada por um toque guloso que emerge por entre sensações que recordam After Eight. Sente-se o álcool presente em fundo que de certa forma acaba por tirar interesse e encanto à prova.

Boca com entrada enganadora, o que ao principio parece ser um vinho que até apresenta um certo equilíbrio dentro do possível, mal damos conta e desperta a besta negra e torna-se arrasador, levanto tudo à frente e apagando o que de bom se poderia ter encontrado até ao momento. Ficam pelo caminho algumas frutas pisadas que não conseguem transmitir muito mais do que aquilo que nos passou por cima.

Foram feitas 13.333 garrafas cabendo a esta o nº 5653, com o preço a rondar os 10€ num vinho que foge de tudo aquilo que entendo como modelo a seguir. Se por um lado devemos elogiar os vinhos elegantes e harmoniosos, onde o trabalho de madeiras quando é o caso, é bem feito e não tapa a fruta, por outro lado não se deve deixar passar em branco vinhos que tapam a fruta com madeira, ou como é o caso onde o álcool se transforma numa força devastadora a partir do momento em que alguém se esqueceu de refrescar a garrafa.
A nota final reflecte apenas e só, a prova efectuada a 15ºC, com a prova a passar para os 18ºC o vinho seria desclassificado.
13

26 maio 2008

Contraste tinto 2006

A enóloga Rita Marques produz vinhos onde acima de tudo, se procura mostrar frescura e fineza do trato, aqui não vamos encontrar o excesso de extracções que tanto anda a marcar muitos dos nossos vinhos actualmente. O somatório da dedicação, empenho e conhecimento desta enóloga, faz com que os seus vinhos sigam uma linha de sucesso, uns atrás dos outros sem que ninguém consiga ficar indiferente à sua qualidade.
Teve a capacidade de chamar a atenção dos consumidores com um Conceito muito especial, talvez a versão branco seja a mais comentada e procurada por parte dos enófilos entusiastas e esclarecidos. A mesma atenção que conseguiu despertar, atinge a plenitude com o Conceito Vintage 2005 onde a finesse e frescura se aliam para resultar num Porto pleno de encantos e recantos onde apetece ficar a pensar por alguns tempos.
São vinhos Durienses, repletos de sensações e de alma limpa que conquistam pela qualidade e diferença que sabem transmitir, pelo reconhecer imediato que se gostou e que se pretende ter mais uns exemplares em casa.
Surge agora no mercado a nova gama de vinhos de nome Contraste, que com o devido mérito e arriscando associar ao significado da palavra, pretende-se distinguir um vinho de outros e do plano de fundo, neste caso da igualdade que se verifica no segmento onde estão inseridos.
É por Contraste que respondem, são a entrada de uma gama muito cuidada e que nesta altura conta com versão branco 2007 e versão tinto 2006 aqui em prova:

Contraste tinto 2006
Castas: Mistura de castas tradicionais - Estágio: 70% em barricas de 3ºano de carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro de concentração média/alta.

Nariz que desperta ao primeiro contacto uma enorme sensação de fruta madura de grande qualidade, onde se destaca claramente a presença de cereja e frutos do bosque um pouco mais recatados. Concentração média, com ligeiro toque de geleia e frescura, em segundo plano desenvolve um vegetal (esteva, urze) que brinca com uma pequena dose de austeridade que parece querer-se mostrar, em fundo de ligeira especiaria (cravinho). Muito equilibrado e cordial na maneira como se mostra, não se intimida com a passagem do tempo nem com o aumento de temperatura.

Boca de entrada fresca com corpo de estrutura média, tem ligeira secura presente ao lado da frescura e presença da fruta madura. É um vinho com presença, educado para mostrar e quem bem que mostra, aquilo que tem para dar. Não corramos a ilusão de estar perante um vinho de topo, não o é, mas dá uma prova integra e bastante coesa, companheiro da mesa. Divaga por entre uma ligeira secura vegetal e o refinamento especiado com que se despede, em boa persistência.

É um vinho que se aguenta muito bem com a passagem do tempo no copo, mesmo com a temperatura podendo variar o vinho não mostra sinais de quebra. Transmite a essência da fruta madura, conseguindo transmitir algo mais que um simples vinho não consegue. Provado às cegas não se acanhou perante um Coelho Estufado, um vinho que complementa muito bem a mesa e a conversa. O preço ronda os 8,5€ numa boa garrafeira.
16

25 maio 2008

Contraste branco 2007

A enóloga Rita Marques produz vinhos onde acima de tudo, se procura mostrar a frescura e fineza do trato, aqui não vamos encontrar o excesso de extracções que tanto anda a marcar muitos dos nossos vinhos actualmente. O somatório da dedicação, empenho e conhecimento desta enóloga, faz com que os seus vinhos sigam uma linha de sucesso, uns atrás dos outros sem que ninguém consiga ficar indiferente à sua qualidade.
Teve a capacidade de chamar a atenção dos consumidores com um Conceito muito especial, talvez a versão branco seja a mais comentada e procurada por parte dos enófilos entusiastas e esclarecidos. A mesma atenção que conseguiu despertar, atinge a plenitude com o Conceito Vintage 2005 onde a finesse e frescura se aliam para resultar num Porto pleno de encantos e recantos onde apetece ficar a pensar por alguns tempos.
São vinhos Durienses, repletos de sensações e de alma limpa que conquistam pela qualidade e diferença que sabem transmitir, pelo reconhecer imediato que se gostou e que se pretende ter mais uns exemplares em casa.
Surge agora no mercado a nova gama de vinhos de nome Contraste, que com o devido mérito e arriscando associar ao significado da palavra, pretende-se distinguir um vinho de outros e do plano de fundo, neste caso da igualdade que se verifica no segmento onde estão inseridos.
É por Contraste que respondem, são a entrada de uma gama muito cuidada e que nesta altura conta com versão tinto e versão branco aqui em prova:

Contraste branco 2007
Castas: Códega, Rabigato - Estágio: 20% em barricas novas e 80% em cuba de inox. - 13,5% Vol.


Tonalidade amarelo citrino de nuance esverdeada e concentração mediana.

Nariz de boa intensidade, aromas limpos com a fruta madura a dominar o primeiro contacto onde o destaque vai para citrinos, e toque tropical (banana, ananás). Conjunto pleno de frescura, afinado e bastante prazenteiro na prova de nariz, sem saturar o que é um sinal bastante positivo.
Um ligeiro toque vegetal/floral surge em segundo plano, complementando um pouco mais o conjunto, com toque mineral em fundo.

Boca com entrada fresca e a mostrar uma estrutura muito bem equilibrada, na boca é fino com a acidez muito bem instalada a ser fio condutor durante toda a passagem de boca. A fruta está bem presente, bem doseada e respondendo à prova de nariz, tal como o toque vegetal que se mostra em conjunto com mineral de fundo e uma boa persistência final.

Um vinho que corresponde ao pretendido pela enóloga, tem frescura e finesse, mostra o carácter nobre da região que o viu nascer. Um vinho que cativa, convence e apetece. O preço ronda os 8,5€ numa boa garrafeira, que mostra acerto e boa relação preço/qualidade.
15,5

24 maio 2008

E vão 3...

Foi no passado dia 20 de Maio, que o Copo de 3 comemorou o seu terceiro aniversário.
Mais um ano cheio de trabalho, cheio de provas, cheio de aromas e sabores... um nível de responsabilidade que aumenta cada vez mais, e com mais desafios e novas metas a atingir.

O Copo de 3 superou recentemente as 175.000 visitas, tendo mostrado um aumento de 5.000 entradas relativamente ao segundo ano de actividade, indicador de um bom trabalho desenvolvido e de alguma visibilidade que se conquistou junto das pessoas que gostam e procuram informação sobre vinhos.

A seu tempo irá atingir-se as 200.000 visitas e começa-se a perspectivar maneira de o comemorar, a seu termo as novidades serão aqui colocadas.

Este terceiro ano continua segundo as mesmas orientações ao nível da prova que foram definidas inicialmente, tal como as opiniões livres e sem qualquer preconceito ou factor inibidor das mesmas.
O nível qualitativo de alguns vinhos provados tem vindo a subir consideravelmente, tal como o número de vinhos provados, que já ultrapassa os 500 com as devidas notas de prova.
Irei continuar a ter em conta a divulgação de vinhos o mais ampla possível, dentro dos vinhos presentes no mercado, pois nem todo o consumidor tem possibilidades de chegar aos topo de gama.

Pelo segundo ano consecutivo o Copo de 3 organizou o evento vínico Vinum Callipole, um ano em que contou mais uma vez com alguns dos melhores produtores a nível nacional e onde o interesse por parte do público despertou, contribuindo para um maior número de visitas.
Com nota de destaque para o apoio prestado pela marca Schott Zwiesel ao Copo de 3.

O Copo de 3 foi também convidado a participar no 4º Concurso de Vinhos Engarrafados do Alentejo.

Com tudo isto quero agradecer aos meus amigos, a todas as pessoas que me têm acompanhado e partilham esta minha paixão, às pessoas que visitam o Copo de 3, às pessoas com quem falo regularmente e troco impressões, dando força para continuar e olhar sempre em frente.
Um destaque especial para a minha família, e para a minha cara metade que tanto apoio e inspiração me tem dado, ao longo destes anos de Copo de 3.

O Copo de 3 está para durar, porque o vinho merece e vocês também.

Obrigado.
João de Carvalho

18 maio 2008

Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon 2004

A história remonta ao ano de 1883 quando Don Melchor Concha y Toro, um distinto advogado chileno, decide apostar na zona do Valle del Maipo para a produção de vinho. Tanto as castas escolhidas como o enólogo seriam de proveniência Francesa e volvidos todos estes anos, actualmente a casa Concha y Toro é apenas e só a principal exportadora de vinhos de toda a América Latina e uma das marcas mais importantes a nível mundial com a marca Casillero del Diablo a afirmar-se como um dos vinhos mais vendidos no mundo.
Se por um lado a quantidade de vinho produzido é de assinalar, temos de destacar a qualidade que intrinsecamente fica ligada a essa mesma quantidade, resultando em vinhos com grande relação preço/qualidade que se destacam num mercado global cada vez mais saturado e exigente.

É no Valle del Maipo, a mais famosa região produtora de vinhos do Chile, e mais precisamente na D.O. de Puente Alto, onde as vinhas beneficiam das águas ricas em oxigénio e minerais provenientes do degelo da cordilheira dos Andes, que nos chega o vinho em prova.
Puente Alto é reconhecido como um local privilegiado para a produção de Cabernet Sauvignon, é aqui que estão os 85ha de vinha que dão origem a um ícone resultante da parceria entre a casa Concha y Toro e os Barons de Rothschild, de nome Almaviva.
É também em Puente Alto que a Casa Concha y Toro, exclusivamente a partir da casta Cabernet Sauvignon, produz este Marques de Casa Concha agora em prova, um vinho em que a vindima ocorreu entre os dias 6 e 28 de Abril de 2004.

Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon 2004
Castas: 100% Cabernet Sauvignon - Estágio: 18 meses em carvalho francês (35% novas e 65% de segundo ano) e 2 meses em garrafa - 14,5% Vol.


Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz que informa ao primeiro contacto que estamos presente um Cabernet Sauvignon de bela qualidade e muito bem trabalhado. Qualquer semelhança com o que por norma se encontra como made in Portugal é puro engano (salvo uma ou outra excepção). Neste belo vinho convém destacar a fruta negra bem madura na vertente das amoras e das cerejas, um toque de vegetal seco deambula por todo o copo, com boa dose de frescura sempre sentida a acompanhar os calmos e prazenteiros derivados da madeira ( baunilha, especiaria, tabaco, ligeira tosta com nuance de fumo em fundo) a resultar num todo com boa complexidade e harmonia .

Boca com entrada a revelar um vinho muito bem estruturado, coeso e onde a acidez é suficiente para dar a frescura mais que suficiente durante toda a passagem de boca. Complementa a prova de nariz com a fruta madura bem presente, ligeira secura vegetal que acomoda com o toque de cacau, tosta e especiaria. Cativa com a sua boa espacialidade, e final de boca de persistência média/alta.

Poucos têm sido os vinhos extremes desta casta que me têm conseguido cativar dentro de portas (produzidos em Portugal), motivo de sobra que me leva a interessar pelo que se faz com qualidade lá por fora. Este é mais um belo exemplo de um extreme Cabernet Sauvignon que me encheu as medidas, uma relação preço/qualidade muito boa para os 12€ que custa e tendo em conta a prova que dá e a apetência para ser guardado por uns bons anos. Porque o Cabernet não tem de ser refém do pimento...
16,5

17 maio 2008

Guarda Rios 2006

O guarda-rios-comum, guarda-rios-europeu, martim-pescador ou pica-peixe (Alcedo atthis) tem uma larga distribuição em toda Eurásia e África.
Os guarda-rios são aves de pequeno a médio porte (10 a 46 cm de comprimento), de plumagem colorida e pescoço curto, com cabeça relativamente grande em relação ao corpo e um bico longo e robusto. As asas são arredondadas e a cauda é curta na maioria das espécies. As patas são pequenas e sindáctilas com os dedos frontais fundidos. No adulto, o bico e as patas são bastante coloridos, normalmente em tons de encarnado, laranja ou amarelo. A plumagem é exuberante com frequência de cores azuis ou verdes, vive principalmente ao longo de corpos de água.
O IUCN lista 24 espécies de guarda-rios como vulneráveis ou em perigo e não ocorreu nenhuma extinção recente dentro do grupo. Estas aves são no entanto ameaçadas pela redução de habitat, poluição dos rios e envenenamentos por pesticidas.

Surge então um novo e promissor projecto em Vila Chã de Ourique, Vale d´Algares, inserido na Região Ribatejo e Sub-Região do Cartaxo, contando com uma área de 31ha, distribuidos por duas quintas (Vale d´Algares e Quinta da Faia).
No ano de 2003/2004 plantou-se a vinha, com a construção da adega a começar em 2004 e com a primeira vindima a ser realizada em 2006.
Da gama deste produtor faz parte um branco 100% Viognier que ostenta o nome da casa tal como um Colheita Tardia que vale a pena seguir bem de perto, sendo que em prova de momento está o tinto da gama premium que dá pelo nome de Guarda Rios, existindo também na versão branco e rosé.

Guarda Rios 2006
Castas: Syrah (50%), Touriga Nacional (20%), Aragonês (15%), Merlot (15%) - Estágio: 9 meses barrica novas carvalho francês mais 6 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz com aroma de intensidade média, vacilante entre o vegetal e os derivados da madeira por onde passou, com frescura a servir de pedra basilar de todo o conjunto. Fruta vermelha muito madura com ligeira compota presente, cacau, especiarias e torrados marcam presença, abrindo com tempo para aromas balsâmicos ligeiros e toque de manjerona.

Boca de entrada bem fresca, com estrutura mediana, vegetal e madeira de fundo a contrabalançar com todo o restante conjunto. A fruta vermelha com o toque de compota aparece novamente, banhada por especiarias. Taninos algo soltos num vinho que tem espacialidade média, correcto e bem feito, com final de boca de persistência mediana.

Um vinho que se confirma como uma bela entrada no mercado por parte deste novo produtor. A qualidade está presente, bem acima da média para o que a região nos acostumou apesar de se enquadrar dentro do perfil de tantos outros que podemos encontrar na mesma fasquia de preço. Preço a situar-se na volta dos 12€ num vinho que vai ainda afinar um pouco mais em cave.
15,5

16 maio 2008

Terra do Zambujeiro 2004

Depois de aqui se ter provado o Terra do Zambujeiro 2003, e continuando a contemplar a Serra d´Ossa ali tão longe e ao mesmo tempo tão perto, é altura de se provar mais um vinho da Quinta do Zambujeiro. O escolhido desta vez foi o Terra do Zambujeiro com a sua mais recente colheita no mercado, 2004.
O seu lote teve uma ligeira alteração, perdendo algum protagonismo a Aragonez e um pouco também de parte da Trincadeira, resultante um lote mais equilibrado e sem domínios aparentes. Em terras Alentejanas o ano 2004 foi caracterizado pela brevidade das chuvas de inverno que fez com que os tratamentos da vinha fossem em menor número que em anos anteriores, em contrapartida as altas temperaturas sentidas na altura das maturações e com ausência de chuva, fez com que as uvas no geral atingissem um patamar de qualidade superior.

Terra do Zambujeiro 2004
Castas: 26 % Aragonez, 25% Castelão, 23% Trincadeira, 17% Cabernet Sauvignon, 9% Alicante Bouschet - Estágio: 24 meses em barricas Carvalho Francês 55% novas - 15% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro de concentração média/alta.

Nariz a mostrar um vinho ainda algo fechado mas desde já a mostrar uma bela complexidade, dando profundidade de aromas, ligeiro toque de austeridade que se desvanece com algum tempo de copo. É um acordar lento, cheio de energia e com boa intensidade, Alentejano raçudo com boa extracção sentida da fruta vermelha que apresenta, vegetal com contornos balsâmicos que se desvanece perante toda uma panóplia de cacaus, baunilha, tosta e alguma moka. Não é novidade nenhuma que o trabalho com barricas é notável, que dando um grande envolvimento aos vinhos sem que a madeira rapte a fruta por completo, resulta portanto, um conjunto muito equilibrado e pleno de harmonia entre fruta e empireumáticos. Tem muito tempo ainda pela frente, com as especiarias a despedirem-se com vontade de novo encontro.

Boca com entrada bem estruturada, amplo e com bela presença de boca, alguns taninos por domar a darem sinais de precisar tempo em garrafa. A fruta madura marca também ela presença, com o bom envolvimento da madeira a começar fazer-se sentir. Complementa toda a sua passagem de boca com frescura suficiente e muito agradável, que percorre todo o palato. A elegância que já mostrar vai ser ainda maior quando a harmonia do seu todo se completar. Um vinho com presença e saber estar, perigosamente apetecível e com um final de boca de bela persistência final.

Bem mais contido do que a colheita de 2003, mostra-se ainda um pouco encerrado no que tem para mostrar. É mais algum tempo que precisa, e para melhor apreciar todo o seu esplendor convém fazer-lhe a vontade.
17

Terra do Zambujeiro 2003

Entre o deslumbramento e cegueira que causam os topos de gama aos olhos do apreciador de vinhos, por outro lado as atenções recaem naqueles que por um motivo ou outro são os vinhos entrada de gama de um produtor.
No meio de ambas as decisões ficam os vinhos de gama média ou gama média/alta que muitas vezes ficam esquecidos sem que o mereçam. Uma pessoa que tenha dinheiro suficiente compra o topo de gama que sempre será motivo e alvo de cobiça, uma pessoa que não tenha tanto dinheiro compra o entrada de gama, como sempre fica no limbo o vinho intermédio, que em alguns casos de intermédio tem pouco face à qualidade apresentada.
Curiosamente é em alguns dos vinhos de gama intermédia que se situam as grandes relações preço/qualidade do mercado, seja nos brancos como nos tintos.
O vinho intermédio da Quinta do Zambujeiro, ali bem perto de Santiago Rio de Moinhos (Borba) dá pelo nome de Terra do Zambujeiro, e em prova a colheita de 2003.

Terra do Zambujeiro 2003
Castas: 50% Aragonez, 33% Trincadeira, 8% Periquita, 6% Alicante Bouschet, 3% Touriga Nacional - Estágio: 24 meses barricas de Carvalho Francês 65% novo - 15% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz a mostrar uma boa concentração e intensidade de aromas. Fruta vermelha bem madura, com compota de grande qualidade a dar um ligeiro toque de gulodice ao vinho, que se esbate em toque floral que desponta ao ritmo das voltas que vai dando no copo. Frescura sentida com a madeira mais uma vez em grande harmonia derivando de um belo trabalho de barricas que parece ser regra nesta casa. O resultado é um vinho de complexidade média com um bouquet presente e conquistador, sem grandes excessos, com toques de baunilha, cacau, caramelo de leite e especiarias tudo muito harmonioso, com reminiscência balsâmica (eucalipto) em fundo.

Boca com entrada fresca e de estrutura sólida e consistente, entrada conquistadora com fruta madura em sintonia com os derivados da estadia de 2 anos em madeira. Dá muito bem conta de si mostrando garra e força, os seus 15% estão muito bem integrados e o problema é que não se notam minimamente durante a prova. A passagem de boca é harmoniosa e elegante, taninos bem comportados e um ligeiro toque de hortelã pimenta a mostrar-se no final, de persistência média/alta.

Não oferecendo toda a complexidade nem toda a riqueza de um Zambujeiro, consegue como seria de esperar, mostrar mais corpo e mais complexidade que o Monte do Castanheiro. Desta maneira entende-se e muito bem, o papel de um vinho de gama intermédia, e que neste caso mostra o que é uma gama de vinhos plena de harmonia desde o vinho mais simples ao mais complexo. O preço ronda os 20€.
16,5

15 maio 2008

Adegaborba.pt Rosé 2007

Com o consumidor a abrir a mente para o vinho rosé, e consequentemente os produtores a responderem ao seu pedido, hoje em dia são poucos os produtores que não nos apresentam na sua gama um vinho deste tipo.
Com ou sem passagem por madeira, dos mais exóticos aos mais tradicionais e sérios, assistimos hoje em dia a um autêntico desfile de vaidades que fazem as delícias do consumidor quando chega o tempo mais quente.
Constata-se pois que a revolução tem vindo a acontecer também no rosé em Portugal, certas marcas acostumadas a brilhar sozinhas, deixaram de reinar nas prateleiras e contam hoje com dezenas de referências a seu lado, a qualidade por seu turno veio com o tempo, com a aprendizagem e com o aperfeiçoamento do perfil de cada vinho.
Com todas estas revoluções e necessárias evoluções no mundo do vinho, o sector Cooperativo e neste caso falo da Cooperativa de Borba, teve como seria lógico de apanhar o comboio juntamente com todos aqueles que se quiseram manter actuais e capazes de servir os consumidores com vinhos apetecíveis e de qualidade assegurada.
É com uma imagem jovem e descomplexada que este Rosé se apresenta a quem ele se aproxima, um rosé que nasceu de uma renovação da gama de vinhos levada a cabo pela já cinquentenária Adega Coop. Borba.

Adegaborba.pt Rosé 2007
Castas: Aragonez - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby vivo com toque salmonado.

Nariz de aroma jovem e intensidade mediana, vinho fresco e equilibrado, de aroma limpo e com a fruta vermelha madura a mostrar-se bem presente. Um ligeiro traço vegetal colmata o perfil com apontamento especiado em fundo. Sem grande complexidade, conquista pela maneira fácil e descomplexada com que se apresenta.

Boca com entrada fresca e fruta vermelha bem presente, estrutura média/baixa assente numa doçura presente que é bem balanceada pela acidez presente. Sem se deixar cair nas tentações do açúcar em excesso, o vinho mostra-se equilibrado e ligeiro face aos 12,5% com que se apresenta. Final de boca de persistência média/baixa com ligeiro vegetal em fundo.

Sem querer complicar apresenta-se com um perfil que foge do austero e rigoroso, ou entrando na toada do possivelmente enjoativo, este é um rosé muito simpático e descomprometido. Fresco, com pouca graduação que não o torna pesado, ideal para acompanhar saladas, peixe e carne grelhada, ou simplesmente como aperitivo.
São 25.000 garrafas a rondar os 2€ que fazem deste vinho, pelo preço, qualidade e prazer que proporciona, uma aposta irresistível.
15

12 maio 2008

Morgadio da Calçada Grande Escolha 2005

Da Vila de Provezende nasce um novo tinto do Douro com a assinatura Niepoort. Produzido a partir dos vinhedos mais velhos (mais de 60 anos) da Casa da Calçada numa parceria entre a família da Casa da Calçada e a Niepoort, surge o Morgadio da Calçada Grande Escolha 2005.

Morgadio da Calçada Grande Escolha 2005
Castas: Touriga Franca e outras com mais de 60 anos - Estágio: 16 meses barrica carvalho francês - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz a mostrar um vinho com uma bela complexidade aromática, inicialmente com ligeiro toque vegetal (esteva) e notas de fruta negra (amora, cereja) bem madura. A madeira surge a envolver com grande classe todo o conjunto, numa sensação de harmonia e cremosidade, resultado de um excelente trabalho de integração diga-se de passagem. Apontamento balsâmico com cacau e especiaria, envolto em suave torrado com o toque floral a despontar ligeiramente. Plena harmonia de conjunto, frescura presente e a ligar todos os componentes.

Boca de entrada fresca e estrutura harmoniosa, pleno de equilíbrio sentindo-se um arredondamento fruto do estágio em barrica, com taninos nobres presentes, fruta negra bem madura e toque especiado. A mostrar grande sintonia entre a prova de nariz e a prova de boca. Final de boca de boa persistência com sensações torradas e de chocolate preto.

O resultado é um vinho muito harmonioso em tudo aquilo que tem e que mostra durante a sua prova. Dando desde já uma bela prova, não vira cara a uma guarda mais prolongada. Com uma produção limitada a 1700 garrafas, o preço ronda os 25-30€ em loja da especialidade. Uma aposta segura que se transforma sem dúvida alguma numa Grande Escolha.
17

08 maio 2008

Giro Sol 2006

Das mãos de Dirk Niepoort aparece um novo vinho baptizado como Giro Sol. Este varietal Loureiro, tem a ele associado dois nomes que dispensam apresentações, Dirk Niepoort e António Esteves Ferreira (Soalheiro). O desafio foi lançado a Dirk Niepoort, um Vinho Verde que espelhe a região, equilibrado e completo que assenta toda a sua vinificação numa acidez vibrante, e o projecto deu os seus frutos, um varietal Loureiro de grande nível.
É então da zona dos Vinhos Verdes que nos vamos situar, numa vinha com aproximadamente 20 anos, da casta Loureiro, ali para os lados de Ponte de Lima. Uma casta mais utilizada em lote do que propriamente em varietal, produz vinhos de elevada acidez e com aromas florais e frutados muito acentuados.
O nome do vinho, permite entre outras associações ao seu nome, o Giro e o Sol, entender que temos um vinho que se pretende como Giro e sem complexos, divertido e entusiasmante, e também para desfrutar em tempo de Sol, e vagueando um pouco mais podemos ter a breve alusão à planta Girassol que como bem sabemos tem por costume seguir o Sol, algo que acontece com este vinho, pois é quando o Sol aparece que ele mais apetece.

Giro Sol 2006
Castas: 100% Loureiro - Estágio: Inox - 11,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de concentração suave com rebordo esverdeado.

Nariz a revelar uma aroma fresco e jovem, sem ser descarado ou muito ousado, com boa persistência e intensidade. Revela fruta de polpa branca com cabaz de citrinos bem presente, vegetal presente com sensação de louro verde e toque floral (laranjeira e limoeiro) a dar uma boa interligação de todo o conjunto.

Boca a ser revigorante na acidez que mostra durante toda a prova, elegante e delicado, tem leveza de boca mas sempre capaz de satisfazer e mostrar tudo o que tem, complementa a fruta mais uma vez bem presente e em toada cítrica, deambulando entre um ligeiro verdor vegetal em segundo plano e o toque mineral que aparece instalado em fundo.

É um vinho de puro prazer, conquistador e arrebatador na maneira galante com que se impõe durante toda a sua prova. A leveza que mostra associada a uma acidez vibrante em grande harmonia com a fruta e restantes componentes da sua prova, fazem com que este vinho abra uma nova maneira de olhar para o Vinho Verde. Mais um ponto a favor são os 11,5% Vol. com que se apresenta, dá vontade de beber e tornar a beber, o preço ajuda à festa rondando os 8-9€.
O Giro Sol 2007 vem aí, e convém dizer que está ainda melhor do que este 2006.
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06 maio 2008

Apegadas Rosé 2007

O tempo em que se perguntava se o vinho rosé era feita de uvas não vai muito longe, a bem da verdade este panorama triste tem vindo a alterar-se nos últimos tempos.
As tonalidades vivas e brilhantes dos vinhos rosados associados a perfis modernos e conquistadores, conseguiram conquistar aquele público mais renitente e são poucos os que hoje em dia, quando o calor mais aperta, não resistem aos encantos de um rosé bem fresco.
O seu carácter fresco e jovem, podendo variar entre um perfil mais leve ou mais encorpado, mais ou menos concentrado e associado a uma grande polivalência a quando do acompanhamento com os mais variados pratos, desde as massas ao peixe e carne grelhada, tem feito com que estes vinhos sejam apreciados e consumidos um pouco por todo o lado.
Hoje em dia é fácil encontrar um produtor que tenha no lote dos vinhos que produz, um vinho rosé. Retomando a devida atenção para o vinho Duriense em prova, é da Quinta das Apegadas que nos chega este rosé, que vai agora para a sua segunda colheita.

Apegadas Rosé 2007
Castas: Combinação das castas Touriga Nacional e Touriga Franca da Quinta das Apegadas (contribuem para a fracção aromática e frescura) e das castas Touriga Franca e Tinta Roriz da Quinta Velha (contribuem para o volume de boca). - Estágio: Estágio sobre borras finas com "batonnage" até Fevereiro de 2008 - 13% Vol.

Tonalidade rosada vibrante aproximada de um ruby vivo e de boa concentração.

Nariz a apresentar um aroma com fruta vermelha (framboesa, morango) muito madura e fresca. Por momentos recorda o aroma da geleia de pêra bem madura, canela e hortelã pimenta. Um vinho fresco e jovem com alguma robustez a sentir-se em conjunto.

Boca de entrada fresca e com bom nível de estrutura presente. Mostra-se bem frutado, com a frescura a embalar todo o conjunto, dotado de um bom volume de boca, sensação de ligeira geleia marca também presença ao lado de uma leve sensação vegetal. Vinho bastante aprazível, bem mais encorpado e de presença na boca mais sentida que outros rosés no mercado. Final de boca de persistência média.

Um rosé que se inclina para um plano mais sério e menos ''brincalhão'', dando mostras de uma bela prestação durante toda a prova, mostrando-se com um perfil mais concentrado e complexo. Uma aposta que se revela excelente companhia para uma salada de frango assado com molho cocktail.
15,5

05 maio 2008

Vinum Callipole 2008 - O rescaldo

Foi no passado dia 26 de Abril que se realizou nos Claustros do Convento dos Capuchos em Vila Viçosa, e pelo segundo ano consecutivo o evento vínico Vinum Callipole 2008.
Um evento que acima de tudo pretende trazer e dar a conhecer os vinhos de Portugal aos consumidores do Alentejo, novos aromas e novos sabores podem ser dados a conhecer a quem ao Vinum se deslocou nesse fim de semana.
Evento de apenas um dia, contou com a presença de 12 produtores (menos 3 que na passada edição), e onde tivemos presentes vinhos representantes do Douro, Dão, Setúbal, Vinhos Verdes e Alentejo.

As temperaturas que se fizeram sentir este ano, foram bem mais amenas e fizeram com que a temperatura de serviço dos vinhos presentes fosse bem mais agradável, penso que o facto de se ter gasto menos gelo é bem significativo.

Tal como ficou prometido no ano passado, este ano tivemos algumas surpresas, o natural limar de algumas arestas e constante aprendizagem com os pequenos problemas que foram aparecendo durante o evento do ano passado, permitiram ir melhorando sempre mais um pouco.
Assim sendo este ano o Vinum 2008 teve mais alguns apoios, especial agradecimento para a empresa Poeiras Máquinas e Ferramentas, á Confraria do Pão que colocou à disposição o pão, tanto para provas como para o jantar, e os queijos (amanteigados, semi-curados e curado em sal) da Queijaria Monte da Vinha, fizeram a delícia dos produtores e visitantes.

Foi com satisfação que vi um pequeno desafio que seria basicamente o apresentar um vinho de uma colheita mais antiga para se poder comparar com uma colheita mais recente, facto que poderia indicar ao consumidor o que poderia esperar daquele vinho com alguns anos de garrafa. Este desafio viria a ser aceite por alguns dos presentes e desta forma foi possível comparar um Quinta da Gaivosa 1992 com um 2003 ou mesmo para os menos atentos às novidades no mercado, a satisfação de provar lado a lado Altas Quintas 2004 e 2005 ou Anima L4 e Anima L5.
Seria ainda difícil resistir aos encantos do primeiro branco Alves Sousa Reserva Pessoal 2001 ou à tentação de provar em amostra o Redoma Reserva 2007, e olhar com atenção para um vinho que por um grande azar na rolha não chegou a ser vendido, falo do Incógnito 2004, que apesar disso ainda se conseguiram provar algumas das garrafas que se conseguiram safar de tão ma sorte.
Entre nomes sonantes, iam desfilando os Zambujeiro e Cavalo Maluco, Marias da Malhadinha e Herdade das Servas, Dona Berta Rabigato e Reserva Tinto, Garrafeira da Quinta dos Roques e o seu Encruzado 2007, Quinta da Vegia Reserva 2005, San Joanne Superior Branco 2005, Altas Quintas Reserva 2005 e Cortes de Cima Reserva 2004.
Para os apreciadores dos vinhos Batuta e Charme a notícia menos boa é que da colheita 2006 dificilmente vai sair qualquer coisa, pelo que nos resta esperar pelos diamantes de 2007.

Mais um ano, em que foi bom verificar a satisfação tanto de produtores presentes, como de visitantes (este ano em maior número). O testemunho daqueles que nos visitaram é também um motivo mais que suficiente para dar força para continuar para o próximo ano.

Resta-me agradecer a todos os que fizeram com que este evento se tornasse realidade, em especial ao Sr. Padre Mário, que cedeu o espaço e apoiou desde o inicio esta iniciativa.
Para o ano cá estaremos com o Vinum 2009, que vai mudar de local para os Claustros do Convento dos Agostinhos, aquele que foi o primeiro mosteiro de Vila Viçosa (1267), anterior ao foral afonsino de 1270, concedido porventura, entre outras razões, pelo facto da existência do convento primitivo; sofreu importantes transformações no tempo de D. Jaime, no século XVII quando se tornou panteão dos duques e nos reinados posteriores de D. João V, D. José e D. Maria I. Após a extinção das ordens religiosas (1834) passou à posse da Casa de Bragança, foi quartel até 1939 e de 1951 ocupado pelo Seminário Menor de São José, cedido definitivamente à Arquidiocese de Évora em 1963. A sua Igreja é considerada Monumento Nacional e é um exemplo do estilo barroco, de fachada um pouco pesada mas imponente, flanqueada por duas altivas torres sineiras. É também desde 1677 panteão dos Duques de Bragança.

A todos um muito obrigado e até para o ano.
 
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