Copo de 3: Meruge 2007

14 maio 2011

Meruge 2007

Para orientar quem lê convém dizer que as vinhas que compõem a Lavradores/de/feitoria estão por todo o Douro, seja Baixo e Cima Corgo ou o Douro Superior. Estas Vinhas detém algumas castas portuguesas que, no terroir duriense, têm a sua expressão mais forte. As 18 Quintas, 18 terroir distintos, 18 localizações no Douro, é um dos segredos da lavradores/de/feitoria. A multiplicidade de castas e exposições, as Vinhas de diferentes idades, as diferentes altitudes e a diversidade de solos, originam uma diversidade de terroir que em muito contribui para a complexidade e carácter dos Vinhos da lavradores/de/feitoria.
Conhecedor profundo das suas capacidades, o Enólogo Paulo Ruão e a Equipa de Enologia da lavradores/de/feitoria, utiliza essa matéria-prima de primeiríssima qualidade para produzir toda a gama de Vinhos que tem a seu cargo. Dentre Vinhas Velhas com mais de 80 anos, poderemos encontrar as seguintes castas: Touriga Nacional, Touriga Franca ou Touriga Francesa, Tinta Roriz , Tinta Barroca e Alvarelhão para os Tintos e Rosés e Viosinho, Códega e Sauvignon Blanc para os Brancos.
Os Vinhos de lote ostentam as marcas "Três Bagos", “Lavradores de Feitoria Douro” e “Gadiva”. Já o “Meruge” e o “Quinta da Costa” são Vinhos de Terroir lavradores/de/feitoria.

E é a partir dos 19,5ha da Quinta de Meruge (São João da Pesqueira), em que vinhas com 20 anos onde predominam as castas Touriga Nacional / Touriga Franca / Tinta Barroca / Tinta Roriz. É desta vinha que nasce o vinho de nome Meruge, onde a Tinta Roriz brilha com 80% do lote, sendo os restantes 20% de Vinhas Velhas... depois a vinificação ocorreu em lagares, bem como em cubas de inox, com remontagem automática e controlo de temperatura. Após suave esmagamento e sem desengace, a fermentação, decorreu com homogeneizações ligeiras e macerações muito controladas, conseguindo-se desta forma uma extracção fenólica e aromática desejada.De seguida, o lote estagiou em barricas novas de carvalho francês, mas sempre com o objectivo de preservar o carácter frutado, característico dos vinhos do Douro. Foi submetido a uma colagem e filtração antes do engarrafamento.

Procuro insistentemente pela elegância vínica, aquela fruta fresca bem delineada com a barrica bem enquadrada, sem toques a mais ou a menos, onde a boca é serena mas confiante, é a mesma que me permite desfrutar de uma garrafa de fio a pavio, a mesma que permite um vinho durar durante toda uma refeição, a mesma que surge quanto o vinho descansa e repousa para nobremente envelhecer uns anos na garrafeira. Ando farto de vinhos em que o álcool sempre a mais transborda pelas bordas do copo, farto de vinhos carregados de tudo e cheios de nada, vinhos que não se aguentam na garrafa 5 anos quando me custam 15€ 20€ e mais euros... vinhos que tentam ser aquilo que nunca vão conseguir ser na vida, enjoado das aventuras de adega de produtores que mudam constantemente o perfil de vinhos que se encaixam em tudo o que já disse mais atrás... procuro vinho, vinho para beber, vinho que se beba e que acima de tudo na altura de o provar me dê de imediato a vontade de ter mais na garrafeira. Foi o que me aconteceu com este Meruge 2007, o preço faz com que seja obrigatório ter mais disto em casa...

Um vinho cheio de fruta vermelha (Tinta Roriz) fresca e limpa, está lá e sabemos que está lá... embora não a veja a saltar como por exemplo noutras paragens mas não interessa, cativa, dá gozo, quero cheirar mais, evolução muito boa no copo, frescura que se gosta, elegante, na mesa alguém lhe chama de feminino, elas gostam e pedem mais. Algum floral, o perfume sensual com fundo mineral, veio o canteiro todo, a barrica enquadra-se muito bem... baunilha morna, cacau, café moído, coisas boas. Mais uma cheiradela antes de o levar à boca... e muito bom novamente com frescura, vigor, a fruta a sentir-se com bom comprimento e largura, frescura, tem taninos mas deixam a prova fluir... um o Ossobuco desfaz-se nessa harmonia com o vinho. É um vinho do Douro com perfil mais fora que dentro, ali ao lado outro Douro um Quinta de Roriz Reserva 2004, todo ele mais austero, mais químico, agreste mas de enorme potencial tal o desdobramento que foi mostrando no copo... um vinho para deixar estar, enquanto isso íamos sorrindo, falando e debulhando o resto do Meruge. 17 - 92 pts

1 comentário:

Anónimo disse...

Este vinho é o maior segredo dos vinhos portugueses. Por alguma razão o guru americano deu-lhe uma pontuação superior ao Charme ou Batuta.
C
J Freitas

 
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